Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
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(por Adriano Araújo)

No primeiro semestre do ano de 1980, vários crimes ocorrem em seqüência na cidade de Campina Grande. Marginais de certa periculosidade eram os escolhidos pela organização chamada “Mão Branca”.

Segundo o Diário da Borborema, tudo surgiu em virtude de uma “brincadeira” do agente Lidinaldo Motta, que ao ser transferido para Campina Grande, sugeriu 115 nomes de supostos marginais que deveriam morrer.

Alguém levou a brincadeira a sério e uma lista chegou às mãos de Cícero Tomé, Supervisor Policial, na Central de Polícia de Campina Grande.


Cícero Tomé

O nome “Mão Branca” foi em virtude de um crime cometido pelo famoso “Esquadrão da Morte” do Rio de Janeiro. Ao assassinar um marginal, a polícia carioca deixou um pano branco sobre o corpo, que se assemelhava a uma luva. Surgiu daí o apelido do grupo de extermínio que virou legenda nacional.

O primeiro crime ocorrido foi à morte de Roberto Galdino do Nascimento, o “Beto Fuscão”, crivado de balas próximo ao Estádio Ernani Sátiro.

A atuação do grupo se deu praticamente apenas em Campina Grande, apesar de ter assassinado “Bermuda”, que era um foragido da Serra da Borborema, que fugira para a capital com medo de morrer. Quem ousasse tripudiar da organização, não escapava da ira do Mão Branca, a exemplo de “Mocotó”, um marginal que ousou zombar do grupo de extermínio: morreu crivado de balas, num terreno abandonado. Assim, Campina Grande novamente voltaria às manchetes nacionais, após o episódio “Borboletas Azuis”, alvo de um tópico aqui nesse blog.

O “Esquadrão da Morte Paraibano”, não se limitou apenas a matar e ameaçar marginais. Políticos, advogados entre outros, também sofreram ameaças da organização. Foi o que aconteceu com o ex-prefeito de Campina Grande, William Arruda, que era tio de Ataliba Arruda, acusado de diversos homicídios. William na época era representante do Governo Estadual em Campina Grande. A carta, abaixo escaneada, também fazia uma ameaça a Agnello Amorim.



Todavia, Arruda não se intimidou e através do governador Tarcisio Burity, formou uma Comissão de Justiça e Paz na cidade, na tentativa de apurar os crimes do Mão Branca. A Comissão de Justiça e Paz era formada pelos advogados Tereza Braga e Hermano Nepomuceno e os padres Cristiano Joosten e Carlos Beylier. Todos foram alvos de ameaças do grupo. O bispo D. Manuel Pereira, preocupado com as ameaças, chegando ele próprio a receber algumas, procurou William Arruda para que o mesmo tomasse conhecimento das ameaças ocorridas.

Segundo o Diário da Borborema de 1997, o policial Humberto Tomé da Silva, filho de Cícero Tomé, ainda acreditava que seu pai fora vítima de perseguição política. “Ele era filiado ao PMDB, na época um partido de Oposição. Inventaram essa história do Mão Branca para abalar o prestígio de meu pai”, opinou. “A imprensa contribuiu muito para criar o mito do Mão Branca”.

Alguns acusados pelos crimes chegaram a ser julgados, a exemplo de Carlos José de Queiroz, o “Zé Cacau”, ex-agente policial e José Bazílio Ferreira (Zezé Bazílio). O processo constava de cinco volumes, com pelo menos 1.140 páginas. O julgamento praticamente parou a cidade, com ampla cobertura da imprensa local. Os réus chegaram a contratar os serviços do conceituado criminalista na época, Dalmo Dallari.


Zé Cacau

Zezé Basílio

Zezé Bazílio seria condenado a mais de meio século de detenção, enquanto Zé Cacau seria absolvido pelo júri. Nos “scans” a seguir, reportagens do Diário da Borborema sobre o julgamento. Cliquem para ampliar:







O grupo de extermínio que atuou em Campina Grande, com o nome de Mão Branca, nasceu de uma brincadeira, mas foi levado a sério por policiais dotados do instinto de matar, que visavam à notoriedade. Oficialmente foram oito mortes - seis delas em uma semana.

Fontes Utilizadas:
Diário da Borborema

4 comentários

  1. MixHQ on 25 de agosto de 2017 às 11:56

    Mamãe sempre falava nesse "Mão Branca"

     
  2. Anônimo on 26 de agosto de 2017 às 20:34

    Fui contemporâneo da época "Mão Branca" e sei o quanto valeu essa sigla para que Campina Grande restaurasse a sua paz social, então em apuros. Se a sua existência foi justa ou não certamente a história é quem dirá. Todavia, num país como o nosso no qual as estatísticas informam que nos dias atuais a média anual de assassinatos atinge a cifra de 65.000 inocentes, à beira de uma guerra civil, sinceramente falando, nós estamos necessitando de um "Mão Branca" a nível nacional já que a administração pública em todos os níveis, especialmente a justiça, estão omissos a esse clima de guerrilha que está enlutando a nossa sociedade.

     
  3. Unknown on 6 de dezembro de 2020 às 15:25

    Minha mae sempre falava de mão branca

     
  4. Unknown on 10 de outubro de 2021 às 11:56

    Está justiça é satânica, é feita por juízes criminosos.

     


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