Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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por Rau Ferreira


Escrevemos em outra oportunidade sobre a imprensa campinense e os principais folhetins que se publicaram nesta cidade de 1888 a 1983. Hoje nos detemos em três dos principais veículos de comunicação escrita que circularam em Campina Grande nos idos de 1889 a 1895, são eles: A Gazetinha, A Gazeta dos Artistas e O Echo.

A GAZETINHA surgiu em 1889, era impresso e redigido pelo pernambucano Eleutério Edáclio Escobar que também foi responsável pela Gazeta dos Artistas (1894). Era dirigida por Tito E. Silva e publicava-se aos domingos. A primeira edição circulou em 1º de setembro de 1889. Denominando-se “Periódico Recretivo”, custava 500 rs a assinatura mensal e 200 rs o número avulso, cobrando-se 80 rs por linha divulgada.

A redação e tipografia funcionava na Praça Municipal Nº 24, ou seja, no mesmo parque tipográfico da Gazeta do Sertão (Joffily/Retumba). Possuía vários agentes, que distribuíam o jornalzinho, em Campina: Joaquim Azevedo de Farias, Antonio Dias de Araújo, Antonio Joaquim Candeas e Candido Fabrício Filho; em Banabuyé (atual Esperança): Joviniano Sobreira; em Areia o Sr. Antonio M. de Areia; e na povoação de Pocinhos Joaquim Francisco de Araújo Pedrosa.

Dividia-se nas seguintes partes: Colaboração, destinada a publicação de participantes; Transcrições, publicações científicas e curiosidades; Parte Literária, com poemas e contos de autores nacionais; Parte Recreativa, poesias e anedotas; Seção Livre, cultura e charadas; e finalmente, a Gazetilha, com a crônica social.

O professor Joviniano Sobreira, progenitor do patrono da PMPB Coronel Elysio Sobreira, além de agente autorizado da Gazetinha participava enviando logogrifos. Esta espécie de enigma é composta por letras disposta em uma palavra ou frase em ordem aleatória (conceito), e uma palavra-chave que indica o caminho que se pretende desvendar, como a que se publicou neste jornal em 29 de setembro de 1889:



“Varão illustre 4, 5, 7, 8, 5

Patria, morada; 3, 2, 3, 4, 8

Premio e castigo, 1, 6, 3, 8

Mulher demandada, 7; 5



Conceito



Meu santo; eu vos peço,

Que não vos aparteis de mim;

Pois, sem vós neste mundo,

Nada posso ser, enfim.



Banabuyé, 25 de setembro de 1889

Joviniano Sobreira”.



Preservamos a grafia original da época já que se alteramos alguma das letras a charada ficará sem resposta, caso o leitor queira-o decifrar.

José Pereira Brandão, que também era professor de instrução pública e possuía uma venda de molhados, igualmente publicava as suas charadas na Gazetinha e também na Gazeta do Sertão.

A edição de número cinco trazia os seguintes anúncios:

Photographia Alemã – de B. Max Bourgard. De passagem por esta cidade, o retratista anunciava que iria demorar-se nesta cidade de 15 a 20 dias e oferecia os seus trabalhos, garantido um serviço de qualidade. Atendia na rua Conde D’eu, Nº. 04.

Ourives – Antonio Joaquim Candeas, com fabricação e concerto de obras em ouro e prata, garantindo seriedade e modicidade em seus presços. Funcionava na Praça da Independência, Nº. 20.

A GAZETA DOS ARTISTAS publicava-se aos domingos, com colaboração franca e anúncios por ajuste. Destinada aos artistas (antigos operários e artesões), sua assinatura anual custava 1$000, com pagamento adiantado. Sua primeira edição foi a de 1º de Julho de 1894, e estava assim dividida: Editorial, Revista, Passatempo, Literatura e Folhetim.

A edição de número dois trazia um texto de Lino Gomes da Silva, notícias sobre a Sociedade Artística Beneficente de Campina Grande, e sua aula noturna que iniciaria com a participação de Eleutério Edáclio Escobar, além do restabelecimento da saúde de Jesuíno Correia. Na parte literária, um conto de Pedro Emílio (Clarice) e poesia de L. Silva (Chronos).

Financiavam aquela publicação JOÃO TITO & IRMÃO, firma de secos e molhados sediada na Praça da Independência, Nº 34; ARISTIDES COTÓ, na Rua da Uraguayanna, com a venda de loterias nacionais cujos prêmios alcançavam a cifra de 36:000$000; e a CASA SERTENEJA de Manoel Benício de Oliveira Carvalho, estabelecimento de molhados com sortimento variado, com venda e fabricação de cigarros e salão de cabeleireiro, na Praça da Independência, Nº. 39.

O ECHO circulava somente aos sábados e aparece em 1895, com direção de Aguiar Botto de Menezes, então Juiz de Direito Campinense, com a colaboração do advogado João Antônio Francisco de Sá. Sua primeira edição data de 15 de julho de 1895. Funcionava na rua Major Belmiro, com oficina tipográfica e custava 160 réis o número avulso. O jornal manifestava apoio a Christiano Lauritzen e tinha os seguintes anunciantes:

CASA BRAZILEIRA, de Cruz & Oliveira. Casa de fazendas (tecidos) com sortimento nacional e estrangeiro, funcionava na Rua da Uraguayanna, Nº. 53.

O VESÚVIO, de Jovino do Ó & Irmão. Casa de Fazendas, ferragens, miudezas, perfumarias, calçados, chapéus e etc. Funcionava na Praça da Independência, Nº. 13.

BASAR DO TRIUMPHO DE S. JOSÉ, de Lino Gomes da Silva. Casa de molhados, com venda de chapéus, miudezas, armas para caçadores, e materiais para funileiros, ferreiro, sapateiro, fogueteiro e outras químicas. Funcionava no Largo da Capela de S. José.

TOMAZ BEZERRA CAVALCANTE, anunciava a venda de brandões e velas, folhas de madeira imitando a cor natural da cera, como se usava na Europa, Rio e “ultimamente na Matriz de Campina Grande”, com estabelecimento na Praça da Independência na venda das Estampas.

SINDULPHO CABRAL DE ALBUQUERQUE, senhor de Engenho com a venda de alambique com 40 canadas por dia de aguardente, na Praça da Independência.

JOÃO LOPES DE ANDRADE, com estabelecimento de miudezas e molhados na povoação de Queimadas.

CAPITÃO JOÃO ANTONIO FRANCISCO DE SÁ, advogado com escritório na Praça Municipal de Campina, com atendimento nas Comarcas de Itabaiana, Areia, S. João e Patos.



FRANCISCO DIOGO ALVES VIANNA, advogado com escritório no pátio da Matriz e atuação em diversas causas.



Esses são os pioneiros do jornalismo escrito em Campina Grande, que ao lado da GAZETA DO SERTÃO de Irineu Jóffily e Francisco Retumba, fazem parte da história das comunicações da cidade Rainha da Borborema.



Rau Ferreira





Referências:

- ARAÚJO, Maria de Fátima. Paraíba, imprensa e vida: jornalismo impresso 1826 a 1986. 2ª. Edição. Editora e Jornal da Paraíba: 1986.

- IPANEMA, Marcello & Cibelle. A Comunicação em Campina Grande. R.IHGB, Vol. 326. Janeiro/Março. Rio de Janeiro: 1980.

- RIBEIRO, Hortênsio de Souza. A imprensa em Campina Grande. R.IHGP, Vol. 11. João Pessoa/PB: 1948.

1 Comment

  1. jjj on 24 de agosto de 2013 às 09:27

    çll

     


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