Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
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por Rau Ferreira

Procissão Religiosa: Rua Maciel Pinheiro, 1912

A ideia de consagrar o Século XX a Jesus Cristo Redentor foi recebida no orbe católico com grande simpatia. Votos ardentes se uniam às intenções do Papa Leão XIII. Nesse contexto, Campina Grande não poderia deixar de acolher a brilhante homenagem ao divino redentor que há dois mil anos transmitia o brilho da verdade e purificava os corações.

A imprensa registrava o fato da seguinte maneira:

“Em Campina Grande, freguesia das mais importantes da Diocese Parahybana, este enthusiasmo attingio as proporções do delírio, como era de esperar de uma população que tem por director espiritual o revdm. vigario Luiz Francisco de Salles Pessoa, cujos méritos e cujas virtudes já ultrapassaram o circulo de sua actividade,chegando ao conhecimento da S. Sé que soube coroal-as elegendo aquelle que elles exornam para dirigir a diocese maranhense a salvação das almas" (A Imprensa: 08/01/1901).

Assim, o Padre Francisco Salles organizou o magno cortejo invocando bênçãos e proteção ao Senhor para o século que se iniciara, derramando assim graças e dias melhores sob a humanidade.

Há muito que ele preparava o espírito dos seus fieis e elegendo uma comissão encarregada de promover os festejos sob a presidência do notável médico Chateaubriand Bandeira de Mello, homem fervoroso na fé, contando com a participação dos distintos cavalheiros: Aristides Villar, Lindolpho Montenegro, Manoel Cavalcanti, Clementino Gomes Procópio, Major João Ribeiro, João Quirino, José Gomes de Farias, Manoel Justino, Lino Gomes, Major Juvino do Ó e Capitão Henrique Cavalcanti.

Em todos estes trabalhos auxiliou o Padre Luiz Borges, sobrinho do vigário, que atendeu a todas as confissões sendo distribuídas mais de mil comunhões nos dias 29 e 30 de dezembro.

No último dia, porém, que antecedia a entrada do novo século, a cidade amanheceu lindamente enfeitada para corresponder a expectativa popular. No largo da matriz inúmero fieis aguardavam ansiosos para ouvir a missa e participar do banquete eucarístico.

Foi realizada uma grande romaria e cerimônias que revestiram a consagração secular. O Sr. Bispo Diocesano celebrou uma missa solene e 40 jovens receberam a primeira comunhão. Uniformizados, saíram dois a dois da sacristia tendo a frente um lindo estandarte de seda branca com os dizeres: “A Jesus Christo Redemptor – homenagem dos meninos do cathesismo – 31-01-1900”. A procissão deu a volta no interior da igreja e tomou lugar em bancos especialmente reservados em frente ao altar mor. Na oportunidade, pronunciou o clérigo Luiz Borges uma importante alocução.

Às 16 horas teve lugar um importante cortejo saindo da igreja com inúmeros estandartes: do Catecismo, de S. Vicente de Paulo, do Sacramento, do Rosário e das Dores, e a belíssima estampa de Jesus Redentor com caracteres dourados em homenagem da freguesia de Campina, conduzido pelo Sagrado Coração de Jesus e seus associados.

Em seqüência, um rico andor com a imagem de Jesus Redentor em tamanho natural, acompanhado pelo coral das meninas, pela banda de música, sacerdotes e seminaristas. Acompanhavam ainda o cortejo as meninas da Escola Primária e os meninos da Escola Pública, do Externato Campinense e da Sociedade Tertulia Bohemia, participando da mesma forma daquele congresso a Sociedade Juvenil, o Grêmio de Instrução de Campina Grandense e a sociedade artística beneficente.

O préstito contava com a presença de doze mil fiéis, recolhendo-se depois das sete horas da noite, após percorrer as principais ruas da Vila e o lugar onde se achava em construção uma capela dedicada a S. José, a meia légua de distância, e encerrou-se com a benção do Santíssimo Sacramento.

Repiques de sinos, girândolas de fogos e músicas davam as boas vindas ao novo século, consagrado a Jesus Redentor.

A crônica da época manifestou-se da seguinte forma:

“Pode-se dizer sem exageros que quase todos os parochianos affluiram ao templo comungando com máxima uncção com que seus
espíritos foram preparados, no cultivo da fé. (...). Foi uma belíssima festa que deve ter enchido de orgulho o povo campinense, de jubilo o digno vigário a quem coube a grande obra de reerguer em Campina o sentimento religioso, de satisfação a activa commissão a quem cabe grande parte de tão belo triumpho. Todos os que assistiram a esta grandiosa festa ficaram dominados da mais viva impressão”.

Às festividades religiosas concorriam, igualmente, os habitantes das freguesias vizinhas, de Alagoa Nova, Esperança, Ingá e Cabaceiras, acostumados a participarem de missões e ofícios celebrados em Campina Grande.

Provido desde 24 de fevereiro de 1885, para dirigir os trabalhos da Paróquia de N. S. da Conceição, em substituição ao Cônego Francisco Alves Pequeno, o Padre Sales não mediu esforços para realizar uma boa administração. Nomeado bispo do Maranhão em 1889, preferiu permanecer em Campina até a sua morte em 1927.


Referências:

- A PROVÍNCIA, Jornal. Nº. VI. Edição de 08 de janeiro. Parahyba do Norte: 1901.
- SEVERIANO, Francisco. A Diocese da Parahyba. Typ. da "Imprensa": 1906.
- UCHÔA, Boulanger de Albuquerque. História Eclesiástica de Campina Grande.
 Departamento de Imprensa Nacional: 1964

1 Comment

  1. Anônimo on 22 de fevereiro de 2013 às 23:04

    Monsenhor Salles,grande Vulto de nossa História,quase 50 anos casando e batizando.

    Braulio José Tavares

     


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