Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

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Grande, grande, Campina Grande  

                                                        (Letra e música: Walmir Chaves)

Quando nasce o sol
No céu azul côr de anil
Resplandece a turqueza incrustada
No nordeste do Brasil.
Quando vem o arrebol
O agreste pintar
Extasiada minha alma se inclina
Para te idolatrar
Eu sempre vou te amar
É minha decisão
Es rainha da Borborema
Reinas no meu coração.
Grande, grande Campina
Grande, Campina Grande
Meu amôr.

=====........=====

Hoje, com a longa distância física e a perspectiva que me dá o tempo, posso afirmar que, abandonar o esplendor da nossa “verde e amarela” adolescência, para assumir a nossa “suposta” madureza, na tão ensimesmada Campina Grande do final dos anos cinqüenta, não foi nenhuma tarefa dificil, dramática ou insatisfatória.

Passamos, simplesmente, de ser meninos, um pouco rebeldes, a ser rapazes mais o menos felizes, no nosso pequeno e alegre mundo que se limitava, ao Norte:  Catedral, ao Sul:   Cinema Avenida, ao Oeste:   Edificio Rique e a Este :  Cinema Babilonia. Êste era nosso território de atividades, porém, como é óbvio, faziamos nossos “viagens” aos Bairros de São José, Conceição, José Pinheiro e, algumas vêzes, para nós na época, ao longinquo Bairro de Bodocongó. Principalmente depois que o Campinense Club transferiu para ali seu lugar de bailes carnavalêscos.

Eu adorava o cinema e com alguns amigos, todos os dias, assitiamos a matinê do Capitólio ou do Babilônia. Não importavam o gênero, a qualidade ou a nacionalidade do filme. Eramos ecléticos por necessidade, pois, de tarde, só havia duas possibilidades: Filme ou jogar ao bilhar ou a Sinuca no Bar de Seu Chico Macaiba, na rua Maciel Pinheiro, juntinho da “Nova Aurora”.

Tenho na memória a nítida  imágem do Sr. Lìvio Wandeley, gerente do Capitólio, com seus ternos brancos e suas coloridas gravatas, de pé, na entrada, olhando o pessoal entrar, e no Babilônia, o Sr. Rui Sivini que também tinha sido antes cantôr da Rádio Borborema.

Algumas vêzes, quando perdiamos um filme no centro iamos a soirée do Cine Avenida... Que mal iluminada estava, na época,  a rua Getúlio Vargas! Dava até mêdo voltar prá casa naquela escuridão!

Naquele tempo eu comprava todos os meses a Revista Cinelândia e estava muito bem informado sôbre tudo o que passava no Cinema Mundial. (não imaginava que un dia conheceria pessoalmente alguns destes artistas que via naquela revista!)

Nosso carnaval era maravilhoso e éramos incasáveis foliões , Daqueles que só paravam na quarta-feira de cinzas. Havia quem ia diretamente do Clube à igrêja para receber às cinzas!

Meu amigo Antonio Alfrêdo Cámara Filgueiras d'Amorim (filho de Português) era o organizador do “Bloco dos Presidiários” que en vários “jeeps” faziamos o “côrso” pelo centro da cidade, sendo a Maciel Pinheiro onde se aglomerava mais foliões. Estávamos assim até às 20.30 hs. quando passavamos por nossas casas a preparar-nos para ir aos clubes. Brincávamos, principalmente, no Campinense Clube, porém sempre faziamos visitas para ver onde havia mais animação:  AABB, Clube 31, Gresse, Clube dos Caçadôres e Clube dos Trabalhadôres. Era como visitar a todos os conhecidos, pois parecia que todo o mundo brincava o carnaval! Lembro-me de uma amiga muito da “esquerda” que passava o ano falando que “ o carnaval era para inconscientes, para gente sem compromisso com os problemas sociais e etc.”   e depois, “na hora do frêvo”,  aguantava do sábado à segunda-feira sem sair de casa, mas, na terça-feira era surpreendida “pulando” num Clube, como todos os mortais!

Nos tempos de eleição não faltávamos nem uma noite. Eramos um dos grupos mais divertidos das “passeatas” e  íamos a que fôsse a mais animada do dia e não era para animar o candidato! Inesquecível a grandiosa campanha para Prefeito entre Dr. Elpidio e Seu Cabral. Foi a mais multitudinária daquele tempo.  Estávamos lá, juntos,  com os braços entrelaçados pelos ombros,  saltando e coreando os “slogans” mais divertidos que se inventavam.

Quando estávamos no comicio de Seu Cabral gritavamos:  “Cabral não sabe ler, mais Prefeito êle vai ser!   Cabral não sabe ler, mais Prefeito êle vai ser!
Na  noite  seguinte no de  Dr. Elpidio gritávamos: “ Elpidio na sala, Cruz no corredor, Bonald na cozinha e Cabral no cagadôr”. E o povo não aguentava a risada!

Recordo que o edificio do Grupo Escolar Solon de Lucena era aproveitado para muitos eventos. Ali, assitimos a Pastoris, Festas Sociais e Beneficentes, Exposições variádas, Shows de Músicos e Cantôres, Recepções da Prefeitura  e depois foi Reitoria da Universidade Estadual (Reitôr: Edvaldo do Ó) ,  Museu Pictórico e ...quê mais?

Minha mente, agora,  viaja no tempo e vêjo os rostos alegres dos amigos, colegas, e companheiros da juventude: Walter Vilarim Téjo, Newton Carlos Cordeiro Guédes ( conhecido como Newton Estrêla), Antônio Alvaro , Antônio Alfrêdo(irmãos) e seu primo Armando Cámara Filgueiras d'Amorim, Marconi Góes (posteriormente gerente da Rádio Borborema), Hermano José Bezerra ( posteriomente diretor de Teatro), Eufrásio (posteriomente Sociólogo) e Eurico Cámara Ribeiro, Zenilda, Selma e Ilka Brasil,(irmães Brasil, as organizadôras de uns “pic-nics” inesquecíveis), Vanilda Rique, Solange e Teresa Motta,  Gilson e Geisa Reis Aires (cantôres da Radio Borborema que depois fôram prá Rádio Poti, de Natal e ali, Geisa participou do Concurso Nacional “ A Voz de Ouro ABC” e ganhou o segundo lugar, perdendo sòmente para a Paulista. Seu prêmio foi gravar un disco em São Paulo. Era de 78 rotações, duas canções),  Walter Lira, humanista e generôso como êle só ( posteriormente:Economista), Roberto Andrade (Posteriomente Economista), Daniel Agra (Professôr), Teresa Cristina Marques de Almeida (posteriomente Socióloga), Angela Santos, Ana Ligia Santos ( posteriomente Socióloga) Zélia Élery Santos ( posteriormente Bióloga), Iône e Ivany Macêdo ( a segunda, cantôra e sanfoneira), são Campinenses que estão na minha memória porque fôram as testemunhas da minha despreocupada e alegre juventude.

Un dia, quando tinha 16 anos, estava falando com Marconi Góes e Gilson Reis, na entrada da Rádio Borborema e chegou Deodato Borges com um “script” na mão e nos disse: “Vamos gravar, esta noite, um programa dramático para o aniversário da Rádio Borborema e Benjamim Blay ( que ia fazer o papel de um adolescente) está doente”. Quem pode “ me quebrar o gallho?” Lemos os três, o papel e êle me elegiu.  Naquela madrugada estava eu, (me tremiam as pernas!) gravando, com todo o “cast” de Radioatôres da Radio Borborema,(Hilton Mota, Genésio de Sousa, Rosil Cavalcante, Eraldo César, Enildo e Edileusa Siqueira, Jeanette Alves, Elísa César, Ezequias Bernardo, Silvinha  de Alencar e Carmem Cícera) dando o meu primeiro passo para ser radialista. Mas isso já é outra história...

WALMIR CHAVES 
Nascido ( detrás da Catedral) em Campina Grande -Pb.
Sociólogo (UFPB);
Curso de Arte Dramático na Universidade de Teatro de Paris;
Curso de Formação e Pesquisas Teatrais no C.U.I:F.E.R.D, Nancy-França;
Cursinhos de Teatro com eméritos diretôres do Teatro Europeo ;
Professôr na Escola Superior de Teatro de Barcelona ;
Atôr e Diretor de Teatro ( Havendo trabalhado na França, Suissa e Espanha) ;
Radialista
Atualmente: Aposentado - Reside em Barcelona -Espanha.

11 comentários

  1. Anônimo on 4 de dezembro de 2012 às 14:30

    Lembranças!!! É a coisa mais importante da vida. Parabéns pelo texto

     
  2. Anônimo on 4 de dezembro de 2012 às 15:56

    Um retrato saudoso da velha Campina! É massa!

     
  3. Mônica Torres on 4 de dezembro de 2012 às 19:00

    Que beleza de recordação, Walmir. Eu me realizo ao ler as pequenas crônicas repletas de lembranças e descrições apuradas da anatomia da cidade. Faz-me ver feliz, como meu povo campinense confere tributos à terra, que se esquecida por uns, louvada de verdade pelos que a amam. Parabéns pela postagem.

     
  4. Anônimo on 5 de dezembro de 2012 às 08:36

    Eu gosto dessas histórias, fico viajando no tempo e comparo com as minhas lembranças.

     
  5. Anônimo on 17 de dezembro de 2012 às 17:27

    Walmir, voce era o Zito de "As aventuras do Flama"?
    Tinha o Flama(Deodato Borges)Eliana(Edileuza Siqueira)Comissário Lawrence(?)Zito e Bolão.
    Tinha ainda o temido bandido "Cicatriz"(inspirado no "Scarface" americano?)interpretado por Joel Carlos.
    Curti muito aquelas aventuras nas tardes da minha infãncia, pelas ondas sonoras da rádio Borborema.

     
  6. Walmir Chaves on 17 de dezembro de 2012 às 18:47

    O Zito era o Johans Silveira, o Comissário Lawrence era o Ezequias Bernardo e eu era o Bolão.
    Há um postagem mais antigo (Janeiro de 2012) sobre O Flama! Dá uma olhada...
    Gostei que citasse a Joel Carlos que era muito bom radiator e amigo leal e até agora ninguem lhe mencionou. Um abraço!

     
  7. Elvis "Wolvie" on 3 de fevereiro de 2013 às 16:25

    É muito bacana ler as histórias da juventude do meu tio.
    Este blog é impressionante em sua reunião de fatos históricos.
    Um livro poderia ser lançado reunindo alguns dos artigos mais interessantes, imagino que a editora da própria UEPB se interessaria por publicar algo do gênero.

    Continuem o bom trabalho!

     
  8. Anônimo on 15 de janeiro de 2014 às 11:57

    Oi, Walmir... se você visitar este blog...

    Foi muito bom ler esta sua crônica, lembrou-me de muitos amigos nossos e de farras que fazíamos.

    Quis o destino que perdêssemos o contato. Ainda estou vivo, moro no Recife. Fiquei viúvo e casei
    novamente. Ainda ontem postei no Facebook um pedido aos amigos campinenses que me ajudassem a resgatar umas poesias que tinha cópias guardadas e foram destruídas pelos cupins. Veja, por favor essa postagem no Facebook. Os meus e-mails são os seguintes: jcgaldino@hotmail.com e galdino3125@gmail.com. Vamos nos comunicar. Um abraço do amigo
    José Claudio Galdino
    Recife - PE

     
  9. Iône Macêdo on 9 de março de 2014 às 14:17

    Olá, Walmir...
    Haja emoção!!!

    Ficamos felizes e orgulhosos ao lermos suas doces lembranças sobre Campina Grande, nas quais nossos nomes(Ivany e eu) eram citados como partes integrantes do universo colorido de sua juventude.
    Que Legal!
    Confessamos, também que "você permanece em nós tão presente como no passado".
    Estive várias vezes na Europa, inclusive, na Espanha. Voltei à pouco de C.Grande, onde fui a negócio, e hospedei-me no Magestic Hotel. Lembra-se dele?
    Um abraço do tamanho do Brasil!

     
  10. Paulo on 17 de maio de 2018 às 08:52

    Muito interesante essas lembranças, pois passei minha adolescência em Campina Grande ( entre 1961 a 1965, quando fui morar em Recife, então com 21 anos. Moro atualmente em Olinda, há 38 anos.Se pudesse ter parado o tempo e ter mais imaginação ( coisa que em adolescencia nos faz falta), teria me fixado em Campina Grande. Mas as necessidades econômicas nos traem em nos transferem de cidades e .cidades. Tive uma grata e imensa alegria de assistir ao video de uma campinense, Mônica Torres, mostrando os lugares trandicionais, centrais de Campina Grande, na década de setenta. Nele se vê pessoas da época, vestidas tal qual era a moda, carros vemaguete, rural, douphine. Recomendo esse video para todos que querem matar saudade. Walmir, eu devo tê-lo conhecido, não me lembro, mas o nome é familiar e artisticamente conhecido. Gostei muito das suas recordações em seu texto da cidade de Campina Grande, que como a adolescência é uma passagem ráoida mas muito emocionante, na vida de todos nós fiquei feliz em recordar aquela época.. Meu abraço e quando puder venha a Campina Grande, Recife, olinda, cidades vizinhas que devem fazerem parte de sua adolescência. Um abraço. Paulo

     
  11. Paulo on 17 de maio de 2018 às 09:18

    Ratificando o vídeo de Mônica Torres é da década de sessenta. A propósito queria- dando-lhe minha colaboração- lembrar-lhe os"pingados", uma mistura de cachaça com conhaque, que vinha numa taçinha,num pires de metal, no qual acompanhava um bolinho de bacalhau e,ou um palitinho com azeitona, salame, e queijo, tudo isso associado a um bom papo com os amigos nas tarde ou noites da Sorveteria Flórida, abaixo da Radio Borborema. Campina Grande era muito fria, não sei como sobrevivi, talvez tenha sido os "pingados" que me ajudaram. Conheci alguns jovens que se foram muito cedo. Acho que o clima favorecia. Também se fumava muito, era normal.Lembro-me de alguns amigos, dentre os quais um que tinha o sobrenome de França (era radialista,professordo Alfredo Dantas, jogador do Campinense, era muito versátil, inteligente, morreu cedo, era um intelectual,prof. de inglês. só não lembro o primeiro nome. Antes de dormir, eu costumava fazer um lanche ( geralmente um baurú, com uma vitamina ´, aí eu ia dormir cheio. As boemias eram curtidas na Unidade Moreninha, Chevrolet.e etc... etc... Época de pecados, mas que eram saborosas aH, lá eram sim. Meu abraço.Paulo

     


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