Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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por Rau Ferreira
 
Este gênero literário que se popularizou no Brasil na segunda metade do Século XIX, encontrou em Campina terreno fértil para sua produção. Por aqui passaram grandes repentistas e poetas de bancada que ganharam as feiras, ruas e até as cátedras das universidades, onde a sua riqueza cultural é objeto de estudos.
Até bem pouco tempo podiam ser vistos nas praças e nas ruas, ou nas bancas de feiras durante os sábados, a exemplo de Toinho da Mulatinha.

Do passado glorioso, contudo, lembramos cantadores como Francisco das CHAGAS BATISTA, que se mudou para esta cidade em 1900, onde trabalhou carregando água e lenha e foi operário da Great Western, iniciando sua produção dois anos depois. Entre seus muitos títulos, escreveu a VIDA DE ANTONIO SILVINO (1904):
Eu o fio do telégrafo
No mesmo dia cortei
Em dez ou doze lugares;
Depois avisar mandei
A polícia de Campina
E com os meus me ocultei...”.
                     (A vida de Antonio Silvino: 1904).

Francisco de SALES ARÊDA, natural dessas paragens, nascido em 1916, que iniciou nessa arte no ano de 1946 com O CASAMENTO E HERANÇA DE CHICA PANÇUDA COM BERNARDINO PELADO e também o ENCONTRO DE MANOEL MOLE COM O NEGRO CHICO, cujo embate se deu “quando Campina Grande ainda era povoação”, pela famosa Folheteria Luzeiro do Norte

Nesta cidade, havia agentes especializados na rua Santo Antonio e também na redação d’O Rebate (jornal que era editado na rua Monsenhor Sales, 36), responsáveis por vender e divulgar os folhetos de cordéis.

 
Campina também foi sede da FOLHETERIA SANTOS, que se autodenominava “Estrêlla da Poesia”, cujas filiais funcionaram nas ruas Cristovão Colombo e Santo Antonio. Segundo o seu proprietário Manoel Camillo dos Santos:

A folheteria Santos (...) mantém um variado sortimento de folhetos e romances, com grande desconto aos revendedores, e remete pelo correio, qualquer pedido para qualquer parte do Brasil, mediante a importância do pedido, pelo registrado. Não tendo reembolso”.

Com mais de quinze anos de publicação folclórica “registrada e integrada no quadro das tipografias e editoras estabelecidas no país, pela Biblioteca Nacional”, se destacava a editora por ser BBBB (bons, baratos, bonitos e bem feitos).

Foi nesta casa tipográfica que João Melquíades Ferreira editou a “Estória do valente sertanejo José Garcia”, onde mostra Campina era um centro de comercialização de gado.

Não podemos nos esquecer da valorosa contribuição de Átila Almeida e José Alves Sobrinho, que resgataram muito desta poesia, velhos cantadores e suas histórias em seu livro DICIONÁRIO BIBLIOGRÁFICO DE POETAS POPULARES (1975), que se tornou um grande referencial em matéria de cordel.

Esta cidade ainda foi palco da PELEJA DE JOÃO DE ATAHYDE COM JOSÉ PACHECO, que rendeu um importante registro de 1941, ressaltando a importância que esta cidade tinha para os cantadores populares. E do temido JOÃO BENEDITO, poeta de Esperança que costumava rimar com o tempo.

Marcando sua presença neste Município, temos ainda José Soares que ficou conhecido como O POETA REPÓRTER, que muito contribuiu para a preservação desta literatura. Em Campina, produziu muito, e entre os diversos folhetos está O MORTO VIVO (1957).

Naquele mesmo ano, publicava Manoel Pereira Sobrinho o cordel CACHORRO TONI. Antes, porém, havia escrito a incrível saga do CONDE DE MONTE CRISTO (1955). Este mesmo cidadão trabalhou em Campina nos idos de 1948-1956 como editor de folhetos, segundo consta na página três de sua obra A ESCRAVA DO DESTINO.


 A lista não pára por aqui. Existem muitos outros autores e poetas, mas para não ficar cansativa a leitura deixemos para outra oportunidade. Boa parte deste material encontra-se disponibilizado no site da Fundação Casa de Rui Barbosa em http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/


Referência:
- ALMEIDA, Átila e SOBRINHO, José Alves. Dicionário biobibliográfico de poetas populares. 2ª ed. Campina Grande/PB: 1990.
- ARÊDA, Francisco de Sales. O casamento e herança de Chica Pancuda com Bernardino Pelado: 1946.
- BATISTA, Francisco das Chagas. Cantadores e poetas populares. Vol. XXI. Coleção Biblioteca Paraibana. 2ª Ed. Conselho Estadual de Cultura – SEC: 1997.
- CASCUDO, Luiz da Câmara. Vaqueiros e cantadores: folclore poético do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Vol. 6. Ed. Globo: 1939.
- CHAGAS BATISTA, Francisco. A vida de Antônio Silvino: 1904.
- CURRAN, Mark. História do Brasil em Cordel. 2ª ed. Editora da USP. São Paulo/SP: 2003.
- FILHO, F. Coutinho. Repentistas e glosadores: Poesia popular do nordeste brasileiro. Ed. A. Sartorio & Bertoli: 1937.
- SANTOS, Manoel Camilo dos. Rico sem ter dinheiro. Literatura de cordel. Campina Grande/PB: 1959

1 Comment

  1. hugo m ribeiro on 9 de junho de 2022 às 13:18

    O grande radialista e compositor Rosil Cavalcanti também escreveu alguns folhetos

     


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