Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

                                   O Presidente da Província da Parahyba visitou Campina Grande em 1889. A chegada de Pedro Francisco Correa de Oliveira era muito esperada, mas recebeu duras críticas do jornal Gazeta do Sertão.
A especulação começara no dia 06 de fevereiro. O povo curioso indagava dos motivos da sua presença naquela vila. Mas dentro em pouco ficou assentado que sua excelência o governador viria, por ordem do governo geral, observar os terríveis efeitos causados pela seca, estudar os meios de se limpar o açude velho e propiciar o abastecimento d’água daquela comuna. Tudo isto seria efeito da representação que a Câmara Municipal havia dirigido ao Governo.
Por outro lado, a folha do opositor Irineu Jóffily acreditava tratar-se de um plano ardiloso do Dr. Antônio Trindade de Antunes Meira, Juiz Municipal e Chefe do Partido Conservador, por razões meramente políticas.
Contudo, não demorou muito para perceber-se que o governador vinha à Campina para trazer a tão esperada estrada de ferro:

O señr. dr. Pedro Correia não teve outro intento senão impingir que a seus esforços era devido o prolongamento da estrada de ferro Conde d’Eu para Campina Grande;” (Gazeta do Sertão: 15/02/1889).

Há seis ou oito dias apareciam as primeiras chuvas, ditando de felicidade os corações provincianos. E por aqui aportavam as malas dos engenheiros que viriam fazer o estudo da ferrovia.
A cidade em polvorosa cuidava de organizar uma grande recepção. O coronel Alexandrino Cavalcante, por meio de uma circular, convocou a guarda nacional sediada naquele distrito, nestes termos:

Commando superior, 7 de fevereiro de 1889.
Ilmº. Señr.
Tendo de chegar a esta cidade o Exmo. Señr. Presidente da Província, o communico para os devidos fins.
O coronel commandante superior.
Alexandrino Cavalcante de Albuquerque”.

Para aportar nestas paragens, os engenheiros – Drs. Justa e Dansmure - se viram obrigados a alterar o seu traçado. Partiram do Pilar e não de Mulungu, como pretendiam e era mais lógico para a época, para somente irem “mais orientados, para o Ingá”, consoante denúncia da Gazeta.
O governador surgiu no momesco dia 08 acompanhado de sessenta cavaleiros, dos quais trinta haviam ido ao seu encontro. O relógio marcava 11:30 horas quando sua excelência se apresentou na Praça Municipal, em frente a casa do Vigário Francisco Sales, onde se hospedou.
Cerca de quarenta pessoas o esperavam na praça. A maior parte trajada de camisas de manga. Havia 15 ou 16 guardas, que fizeram continências enquanto a banda tocava o hino nacional. Uma girândola de fogos foi a surpresa que o Reverendo Sales preparou para recepcionar o nobre amigo.
Era um dia de sábado e, após o descanso de alguns minutos, a comitiva irrompeu a caminhada pela rua do Seridó em direção à feira. Os senhores Benvindo e Clementino Procópio acenderam os “vivas”, acompanhados pelo Dr. Trindade e considerável multidão.
Terminado o passeio foi oferecido um almoço na residência do vigário que saudou o Dr. Pedro Correia em sua oração, sendo seguido pelo Dr. Espínola ditando a voz do seu partido.
A esta altura os engenheiros já se dedicavam aos seus trabalhos, percorrendo os caminhos mais prováveis por onde deveria passar os trilhos.
No domingo o governante foi à missa, seguindo passagem pela Cadeia e a Câmara Municipal. No final do dia, compareceu ao baile ofertado pelo Sr. Christiano Lauritzen.
O ilustre visitante somente deixou a cidade Rainha da Borborema pela manhã da segunda-feira, deixando a certeza que “um dos próximos vapores do sul será o portador de mais patentes da guarda nacional e decretos de condecorações”.
A conjetura nacional alterara um pouco esses planos. Em novembro irrompera a República e o governo provisório indicaria Venâncio Neiva para assumir os rumos do progresso parahybano.
O ramal de Campina somente seria inaugurado em 1907, contando com o esforço de Christiano Lauritzen e outros abnegados. Mas o progresso não tardou em chegar, antes a euforia do algodão tornara esta cidade tão florescente que não poderia ter outro epíteto senão o de ser chamada GRANDE.


Referência:
- GAZETA DO SERTÃO, Jornal. Ano II, Nº. VII. Edição de sexta-feira, 15 de fevereiro. Campina Grande/PB: 1889.
- NEIVA, Venâncio. Mensagem ao Congresso Constituinte da Parahyba. Apresentada em 25 de junho. Typ. d'O Pelicano de J. Seixas. Parahyba do Norte: 1891.
- UCHÔA, Boulanger de Albuquerque. História Eclesiástica de Campina Grande. Departamento de Imprensa Nacional: 1964.
- Wikipédia: Pedro Francisco Correia de Oliveira.

1 Comment

  1. BogRHCG on 24 de agosto de 2012 às 09:27

    Curiosidade:
    "Praça Municipal que ficava de frente a casa do Vigário Francisco Sales...".
    A antiga casa do Monsenhor Sales era na esquina da Maciel Pinheiro.
    Seria a Praça Municipal onde fora construído o Solon de lucena, ou o Grande Hotel?!
    Com a palavra, nossos Historidades.

     


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