Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

* 18 de Março de 1936
+ 07 de Julho de 2012


O Estado da Paraíba, em especial a cidade de Campina Grande, recebeu com profunda tristeza a notícia do desaparecimento de um dos maiores líderes políticos que esta região já teve nas últimas décadas.

O poeta Ronaldo Cunha Lima faleceu na manhã deste sábado, 07 de Julho de 2012, em sua residência na Capital paraibana, onde já se mantinha sob cuidados intensivos há algum tempo em companhia dos familiares que lhe assistia.

Nascido na cidade Guarabira, em 18 de Março de 1936, filho de Demóstenes Cunha Lima e Francisca (Nenzinha) Bandeira da Cunha, Ronaldo José da Cunha Lima teve sua vida radicada em Campina Grande desde criança, quando exerceu a célebre função de jornaleiro quando, diz a lenda, confidenciava à sua mãe que naquele momento lia as manchetes mas, que um dia estaria nelas!

Teve em sua vida escolar a presença do antigo Colégio Pio XI e do Colégio Estadual da Prata, responsável pela formação de grandes intelectuais campinenses ao longo da sua História.

Participante ativo das atividades políticas desde os tradicionais Grêmios Estudantis, demonstrou habilidade ímpar para o ingresso na vida política. Foi eleito vereador em 1959, participando da chapa encabeçada por Newton Rique e, em 1962 foi eleito deputado estadual. Em 1968 elege-se prefeito de Campina Grande, donde só exercera o mandato por pouco mais de dois meses, tendo seus direitos políticos suspensos por dez anos, em face do disposto no art. 4 do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, expedido pelo Decreto de 13 de março de 1969, do Governo Militar.

Impedido de administrar Campina Grande, reclusou-se no sudeste do país, mais precisamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, exercendo atividades advocatícias quando, em 1982, beneficiado pela Lei da Anistia, é lançado candidato à Prefeito novamente, sendo eleito pelo voto popular para cumprir mandato de 1983 a 1988.

Dentre inúmeras obras de infra-estrutura realizada nos diversos bairros da cidade, teve sua administração marcada pela construção do Parque do Povo, inaugurado em 1985 o que consolidou a festa junina local, agora intitulada “O Maior São João do Mundo”, projetando a Rainha da Borborema nacionalmente.

Em paralelo à vida política, Ronaldo sempre se destacou socialmente exercendo seu dom na construção das rimas, famosas por ilustrar seus discursos em comícios e solenidades institucionais.

Sempre foi um consumidor e multiplicador da obra de Augusto dos Anjos, fato que o levou a participar do programa “Sem Limites” da extinta TV Manchete, respondendo brilhantemente, em versos, sobre a vida do poeta parnasiano, autor de “Eu”, sua obra definitiva.

Seu talento o levou a assumir cadeiras nas Academias Campinense e Paraibana de Letras. Dentre sua produção literária, um dos seus poemas mais famosos - em todo o Brasil - é o “Habeas Pinho”, uma petição judicial feita em forma de verso, para que fosse liberado um violão apreendido pelo polícia, tomado de um grupo de seresteiros em Campina Grande, no ano de 1955.

No ano de 1988, lança o filho Cássio como candidato à sua sucessão, enquanto semeia o estado da Paraíba nos dois anos seguintes para colher sua candidatura e eleição para o cargo de Governador, em 1990.

Antes de encerrar seu mandato de Governador, no ano de 1993, firma-se uma nódoa na sua profícua carreira política e, claro, em sua vida social, o incidente conhecido como Caso Gülliver, onde atentara contra a vida do ex-governador e ex-aliado político Tarcísio Burity, proferindo-lhe um tiro no rosto. Este evento além do prejuízo moral, nunca lhe trouxe punição, haja visto o foro privilegiado que o acompanhou junto aos cargos federais que ocupou e as constantes recorrências jurídicas do caso.

Apesar da repercussão do caso, Ronaldo foi eleito Senador da República no ano seguinte, cumprindo oito anos de mandato.

No ano de 1998, após os acontecimentos ocorridos no chamado Caso Clube Campestre, rompeu com o então governador José Maranhão e lança-se pre-candidato à sua sucessão, vindo a perder a disputa interna na Convenção do PMDB onde José Maranhão sagra-se como vitorioso, levando-o inclusive, à re-eleição naquele mesmo ano.

Em 2002 disputou uma cadeira na Câmara Federal de Deputados, tendo sido eleito e re-eleito em 2006. Porém, este se tornou seu último mandato eletivo, já que em 31 de outubro de 2007 renunciou ao cargo, às véspera do julgamento do caso Gulliver pelo STF, fazendo com que todo o processo voltasse à Justiça comum, livrando-o de responder pelo atentado à época.

ANEXO 1:

Áudio da cobertura da Rádio Campina FM 93.1 sobre a morte do poeta:


ANEXO 2:

Arquivo enviado pelo professor Mário Vinicius Carneiro Medeiros, com o registro de batismo de Ronaldo Cunha Lima (Cliquem para ampliar):


ANEXO 3:

Arquivos enviados por José Ezequiel do blog "Tataguaçu":








8 comentários

  1. Anônimo on 7 de julho de 2012 às 10:54

    Va com Deus Poeta

     
  2. Leda Maria on 7 de julho de 2012 às 12:54

    A LÁGRIMA

    - Faça-me o obséquio de trazer reunidos
    Clorureto de sódio, água e albumina...
    Ah! Basta isto, porque isto é que origina
    A lágrima de todos os vencidos!

    - A farmacologia e a medicina
    Com a relatividade dos sentidos
    Desconhecem os mil desconhecidos
    Segredos dessa secreção divina.

    - O farmacêutico me obtemperou. -
    Vem-me então à lembrança o pai Ioiô
    Na ânsia psíquica da última eficácia!

    E logo a lágrima em meus olhos cai.
    Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
    Do que todas as drogas da farmácia!
    Augusto dos Anjos.

    Poeta,Esta é minha homengem!
    Saudades eternas.

     
  3. Anônimo on 7 de julho de 2012 às 15:22

    Palavras de Ronaldo: "Discurso de politico tem que ser igual a vestido(saia) de mulher quanto mais curto melhor".

     
  4. QUIEL on 7 de julho de 2012 às 16:59

    Perseguindo o sonho de ser governador da Paraíba, um dia (no final dos anos 80) Ronaldo disse:
    EM 82 DEIXEI PRA DEPOIS!
    EM 86 NÃO FOI MINHA VEZ!
    EM 90 NINGUEM ME SUSTENTA!

     
  5. RHCG on 7 de julho de 2012 às 17:12

    José Ezequiel agradecemos os arquivos enviados.

     
  6. Paulo Gomes on 7 de julho de 2012 às 18:08

    Campina Grande e a Paraíba, hoje ficam mais pobres. Este componente inseparável da vida, apesar de chegar com certeza, sempre nos causa tristeza. Ficamos sem dúvidas mais pobres. A partir de hoje nos faltará a inteligência, a vertente lírica, a sagacidade política, e acima de tudo a sua presença física nesta cidade que ele adotou e tanto amou. Pessoas deste quilate jamais morrem, apenas se retiram da vida vã e adentram em nossa história. Até breve poeta, siga em paz e com a certeza da missão cumprida. "Vá com Deus poeta", como bem disseram acima, e quando estiver em sua companhia, peça que olhe por todos nós que ficamos nesta orfandade intelectual de agora. Até logo poeta, nós que permanecemos neste vale de lágrimas o saudamos, até uma dia...

     
  7. Paulo Gomes on 7 de julho de 2012 às 18:08

    Campina Grande e a Paraíba, hoje ficam mais pobres. Este componente inseparável da vida, apesar de chegar com certeza, sempre nos causa tristeza. Ficamos sem dúvidas mais pobres. A partir de hoje nos faltará a inteligência, a vertente lírica, a sagacidade política, e acima de tudo a sua presença física nesta cidade que ele adotou e tanto amou. Pessoas deste quilate jamais morrem, apenas se retiram da vida vã e adentram em nossa história. Até breve poeta, siga em paz e com a certeza da missão cumprida. "Vá com Deus poeta", como bem disseram acima, e quando estiver em sua companhia, peça que olhe por todos nós que ficamos nesta orfandade intelectual de agora. Até logo poeta, nós que permanecemos neste vale de lágrimas o saudamos, até uma dia...

     
  8. Anônimo on 9 de julho de 2012 às 09:04

    Campina hoje é conhecida a nivel nacional por causa do Maior São João do Mundo e Ronado foi o grande responsável por isso. Valeu Poeta!

     


Postar um comentário

 
BlogBlogs.Com.Br