Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
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Por Edmilson Rodrigues do Ó

 Dragagem, Revitalização, urbanismo... (Artigo do dia 15 de outubro de 2011)

Como todos sabemos, desde tempos remotos o nosso nordeste sofre as agruras de sêcas inclementes e até de estiagens prolongadas. Todavia, embora Campina Grande esteja localizada na área menos agreste, mesmo assim sofre em menor intensidade as grandes estiagens. Ate 1958 ano em que foi inaugurada a adutora de Boqueirão,  a população de Campina Grande sofreu uma grande instabilidade no suprimento de água. Diante desse angustiante problema foi que as autoridades do passado se concentraram em construir açudes e até pequenas barragens. E foi dentro desse contexto que surgiram o AÇUDE VELHO por volta de 1830 seguido pelo AÇUDE NOVO construído dentro da mesma década, haja visto que em 1840 já foram executados reparos na sua estrutura. Finalmente, veio o AÇUDE DE BODOCONGÓ cujas obras foram iniciadas no ano de 1911 porém sofreram algumas paralizações vindo somente a ficar concluído no ano de 1916 e, no ano seguinte, transbordou pela primeira vez.

Naquela época, tanto a sociedade campinense como os políticos se mobilizaram para consumar a execução da grande obra.  O Prefeito Cristiano Lauritzen pediu ajuda ao Governo Federal e, em pouco tempo chegava a nossa cidade o Eng. Miguel Arrojado Lisboa diretor da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas – IFOCS  - Mais tarde transformado no atual DNOCS, e foram logo iniciados os serviços de localização da barragem  e respectiva topografia. O Prefeito recebeu o apoio integral de todos os Conselheiros Municipais, atualmente Vereadores, que assinaram o ofício de solicitação ao governo federal no dia 19 de julho de 1911.

Agora, refiro-me específicamente ao Açude de Bodocongó, e por uma razão muitíssimo justa; É que ele está morrendo lentamente...! Está agonizando, depois de quase um século de utilidade pública o abandonaram de uma forma injusta e cruel. Lembro-me perfeitamente de quando cerca de uma dúzia de empresas incluindo indústrias têxtil, de celulose,  de premoldados, de óleos vegetais e rações, beneficiamento de couros e peles, etc., eram todas abastecidas com água do velho açude. Lembro-me outrossim quando nos anos 50 do século passado, na sua margem paralela a BR, em frente ao então Curtume Antonio Villarim, numa casa rústica situada na prainha do açude, funcionava o nosso saudoso Clube Aquático de Campina Grande muito festivo e concorrido sobretudo nas matinais de finais de semana, quando prevalecia a prática do ski aquático com um grande número de lanchas e desportistas.

É profundamente lamentável e triste ver o açude com menos de 50% do seu volume original, em conseqüência do assoreamento das suas barrancas que anualmente são arrastadas pela correnteza obstruindo a sua bacia. Inúmeras vezes temos ouvido a administração pública local falar a imprensa sobre o assunto e prometer executar a dragagem e a revitalização do açude. Entretanto, o tal projeto nunca saiu da prancheta. Enquanto isso, o açude agoniza e Campina Grande poderá perder mais uma belíssima página da sua história. Portanto, fica aqui o meu apelo aos órgãos de imprensa local assim como a população como um todo a se manifestarem ativa e pacìficamente  no sentido de que o Açude de Bodocongó seja restaurado e urbanizado e jamais venha a desaparecer do cenário que enriquece a história e a cultura da nossa Rainha da Borborema.

Foto feita no ano de 1970, mostrando o zelo e a grandiosa massa de água acumulada na sua bacia




É  muito importante notar que, no momento em que foram feitas as últimas quatro fotos, o açude continuava transbordando e, mesmo assim,  podemos notar claramente o recuo do nível da água e a grande área do leito seco. Grande parte da área que em 1970 era submersa, nas fotos atuais mostram uma pujante plantação de capim em solo firme. Vamos sensibilizar a população a se mobilizar no sentido de evitar que o histórico manancial de Bodocongó desapareça para sempre do nosso cenário.

AÇUDE DE BODOCONGÓ – Complementação (24 de novembro de 2011)

Faz pouco tempo, ou  mais precisamente em 15 de outubro recém-findo, foi publicado nesse respeitável espaço um artigo de minha autoria sobre a provável extinção do histórico AÇUDE DE BODOCONGÓ. No referido artigo, eu mostrei uma das inúmeras fotos que eu próprio fiz daquele manancial a exatamente 41 anos atraz, ou seja, no já distante ano de 1970 época em que aquele extraordinário reservatório não demonstrava quaisquer indícios de assoreamento que comprometesse tanto a sua extensa área líquida assim como a sua profundidade.

Recentemente, fiz nova reportagem fotográfica e, comparando-a com a de 1970. a diferença é alarmante. Naquela oportunidade, no local onde as lanchas deslizavam na superfície como flechas, hoje se encontra um exuberante capinzal.. Portanto, com o gradativo aterramento da calha original as águas recuam ano após ano transformando o centenário açude numa simples e modesta lagoa.

Todavia, como todas as minhas fotos foram horizontais, estou anexando para complementação do supra mencionado artigo uma imagem aérea de satélite na qual podemos vislumbrar toda a área original do açude quase completamente aterrada. E um interessante detalhe; a foto captou o açude em pleno transbordamento como mostra claramente o canal de transbordo na parte inferior da imagem. Isto significa afirmar categoricamente que o açude se encontrava naquele momento com a sua capacidade máxima de armazenamento considerando-se inclusive que a foto é atualizadissima pois foi colhida no corrente ano de 2011.

     

Observação:

Todas as fotos foram feitas por Edmilson Rodrigues do Ó 
 

6 comentários

  1. Adriano on 25 de novembro de 2011 às 09:34

    Só vão se dar conta do Açude de Bodocongó, quando se chegar lá naquela área e se perceber que o mesmo não se encontra mais lá.

     
  2. Ramiro Manoel Pinto on 17 de novembro de 2012 às 22:17

    Escrevi um artigo intitulado "A tal “urbanização” do açude de Bodocongó" para ajudar no debate (ou na falta dele!!!). Há muita "divulgação" de um projeto concretista e pouca ou nenhuma ação com relação a revitalização do Açude de Bodocongó ... enquanto isto vai se transformando num penico como o Açude Velho ou tenderá a desaparecer como o Açude Novo que foi aterrado ... quem se interessar em ler o artigo completo acesse nosso blog Memórias de um ambientalista ... http://ramiromanoel.blogspot.com.br/2012/11/a-tal-urbanizacao-do-acude-de-bodocongo.html#more ... Finalizo o texto dizengo: "Por que não fazer o correto? Por que não cumprir a lei ambiental? Por que não tratar os esgotos antes de voltar aos nossos rios, açudes e riachos, já que pagamos mensalmente a taxa para tratamento de esgoto a Companhia de Águas e Esgotos do Estado da Paraíba – CAGEPA? Por que não recuperar a mata ciliar do açude de Bodocongó? Por que cometer os mesmos erros do açude velho e do açude novo (que foi aterrado!)?"

    "Se este projeto concretista for efetivado, iremos testemunhar mais uma vez a agressão a Lei Ambiental do Brasil, a mutilação de mais um importante açude no semiárido, o descaso com a cidade de Campina Grande, a falta de sensibilidade para utilização do meio ambiente em favor da saúde e lazer da população, só nos resta cantar a letra da música de Humberto Teixeira e Cícero Nunes … “Eu fui feliz lá no Bodocongó. Com meu barquinho de um remo só. Quando era lua. Com meu bem. Remava à toa. Ai ai ai que coisa boa. Lá no meu Bodocongó ...”

    Um abraço a tod@s,

    Ramiro Manoel Pinto Gomes Pereira
    ambientalista, professor, pesquisador, doutor em Recursos Naturais

     
  3. Edmilson Rodrigues do Ó on 13 de janeiro de 2013 às 19:53

    Mais de um ano se foi, sem que nenhuma providência tenha sido tomada. Aí nos cabe indagar. Será um descaso do poder público ou uma fria e gélida indiferença da população esclarecida, educada e civilizada? É triste, profundamente desalentador. Eu pessoalmente não me surpreendo com o tipo de politicos que se sucedem eternamente no Brasil. Só muda o nome; a filosofia é a mesma. O Brasil inteiro já testemunhou politicos sairem algemados dos seus gabinetes, e depois retornarem todos, eleitos pelo povo. Aonde andam os nossos intelectuais, os nossos catedráticos, os nossos valores culturais, as nossas entidades de classe e, finalmente, os autênticos BRASILEIROS? Ninguem sabe em troca de que, perdura o silêncio...! É triste, porém verdade. Um assunto tão amplamente divulgado. E mereceu apenas 2 comentários... Adeus, adeus, velho e histórico AÇUDE DE BODOCONGÓ; com você se vai mais uma valiosa página da história de Campina Grande.

     
  4. Edmilson Rodrigues do Ó on 4 de março de 2017 às 19:23

    Temos falado muito nesta página sobre o histórico Açude de Bodocongó. Em 15 de outubro de 2011 eu dizia aqui que aquele lago estava agonizante e anexei fotos mostrando a sua área ameaçada. Agora, pouco mais de cinco anos depois a sua área perdeu mais de 60% da superfície original. Embora essa pêrda gigantesca seja causada pela implantação de projetos urbanísticos, contudo não se justifica tamanha agressão a uma área verde numa região tão carente de água e que já se encontra parcialmente ameaçada de desertificação. Poderiam, portanto, implantar o referido projeto sem contudo comprometer a extensão original do açude. Lamentavelmente, o Açude Velho foi objeto de semelhante procedimento enquanto que o Açude Novo foi extinto do mapa da cidade. Muito embora Campina Grande esteja incluida entre as melhores e mais progressistas cidades do Brasil, infelizmente não perpetua a sua belíssima memória.

     
  5. Vanuza on 13 de dezembro de 2020 às 13:58

    Meu tio artigo maravilhoso!
    Orgulho do senhor...
    Venho aprendendo muito com o senhor.

     
  6. Anônimo on 23 de dezembro de 2023 às 10:14

    Eu pequena aprendi a nadar n açude d Bodocongó... Hoje c quase mais 60 anos ,vejo há muito tempo o açude morrendo que chega da dó parece alguém da gente doente e não podemos fazer nada... mas podemos falar , eu mesma falo tempo d eleição aos políticos mas mesma q nada e amigo mais quem salvar o açude será bem reconhecido por Deus e pela população .

     


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