Serviço de Utilidade Pública - Lei Municipal nº 5096/2011 de 24 de Novembro de 2011
Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
retalhoscg@hotmail.com

QUAL ASSUNTO VOCÊ ESTÁ PROCURANDO?

Por Prof. Thomas Bruno Oliveira *

Nos últimos meses, temos feito uma série de denúncias a respeito do triste fim do patrimônio histórico da “Rainha da Borborema”, símbolos da pujança de um passado que a consagrou como Rainha e como uma das cidades mais importantes do interior nordestino. A urbe anda em transformação onde o falecimento deste referencial patrimonial é evidente, no entanto, se faz necessário citar modificações outras que estão ocorrendo nas últimas semanas.

Outubro: Na região conhecida por Boninas, o seu canteiro central está sendo transformado em uma praça. O lugar é afeito de algumas histórias misteriosas, talvez por ter sido, por muitos anos, um cemitério. Isso nos anos de 1857 e em 1899 já se encontrara totalmente cheio, segundo Elpídio de Almeida “sem lugar para a abertura de uma cova”**, extinto em 1931, em ruínas. O lugar hoje está envolto por tapumes de madeirite e breve será uma praça;

Agosto/Outubro: O Pavilhão Epitácio (veja a foto antes da reforma), que foi construído provavelmente na década de 20 do século XX, por ordem da viúva do Cel. Alexandrino Cavalcanti, passou por uma reforma do pavimento superior do sobrado para adaptação de uma loja de confecções e foi pintado por completo, dando um melhor aspecto a este saudoso e imponente casarão;


Outubro: Uma residência em estilo eclético, no início da Rua Rui Barbosa, foi demolida e denunciada por nós no artigo “Centro Histórico de Campina Grande: a cartografia de uma destruição”***, pois bem, o lugar já está, infelizmente, funcionando como estacionamento para automóveis;

Setembro/Outubro: A antiga fábrica de óleos de Medeiros Cirne, na Av. Pres. Getúlio Vargas, nas proximidades da Feira da Prata, foi demolida e no lugar está sendo construído um supermercado de uma grande rede, certamente afim de concorrer com os feirantes e pequenos comerciantes do bairro da Prata;


Outubro: O lugar que teve um prédio demolido na Av. Floriano Peixoto, defronte a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, está isolado até a altura da calçada, no lugar está sendo construindo um prédio que até o momento não se sabe o que será.

Novembro/Dezembro: foi concluída a construção do supermercado “Todo Dia”, no espaço onde funcionou a fábrica de óleos de Medeiros Cirne, no bairro da Prata. O prédio anterior foi destruído e a fachada de entrada, na esquina da Av. Getúlio Vargas, teve sua demolição freada (terá sido pelas denúncias que fizemos, inclusive na imprensa?). Esta felizmente foi mantida e hoje ostenta a logomarca do empreendimento;

Novembro/Dezembro:após anos de inatividade, a PREMOL - fábrica de premoldados - localizada no bairro de Bodocongó (próximo a Vila dos Teimosos), teve suas instalações demolidas. Os guindastes, o prédio, a guarita, nada está de pé e esta empresa que ocupou a área do que chamamos de segundo parque industrial da cidade já não mais existe;

Dezembro: A belíssima ornamentação natalina da cidade enfeitou as principais praças e alguns monumentos. De muito bom gosto, vimos muitas cores e brilhos na noite campinense. Porém, este ano, infelizmente, os prédios históricos que costumam ser dotados de uma iluminação que valoriza os seus contornos, nada receberam. Aliás, a Catedral Nossa Senhora da Conceição, o Museu Histórico, a Prefeitura (SEFIN e SAD), antigo Grande Hotel e a Biblioteca Municipal mereciam uma iluminação permanente;

Dezembro/Janeiro: A Praça Coronel Antônio Pessoa, depois de meses isolada por tapumes, teve sua reforma parcialmente concluída. Os tapumes já não mais existem e os transeuntes podem observar o que foi modificado no lugar.

Dezembro/Janeiro: A SANBRA (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro), instalada em Campina Grande em 1935, no período conhecido como “boom algodoeiro” teve seu último prédio demolido recentemente. Desta áurea época só resta a chaminé/bueiro, que não sabemos se será preservada ou venha a ser a próxima vítima da destruição.

Janeiro: Está concluída mais uma demolição de um casarão na rua Desembargador Trindade e outro na rua Dr. João Tavares está seguindo o mesmo destino. Nesta mesma rua, A antiga SAMIC (Serviço Assistencial Médico Infantil Campinense, nas proximidades do Açude Velho, por muito tempo residência da tradicional família Rique) está perdendo o que resta do prédio de atendimento. Lembrando que esta área está dentro dos limites do Centro Histórico de Campina Grande****, o que, por lei, não pode ter NADA demolido.



Janeiro: O símbolo maior da modernidade campinense, a Estação Velha, continua em estado de deterioração. Apesar de o Museu do Algodão e da ‘Maria Fumaça’ estarem isoladas e preservadas, o prédio de armazenagem já perdeu o telhado e agora os populares aceleram o processo de destruição levando os tijolos centenários. Caso não haja uma ação rápida por parte do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que tem a guarda de todas as velhas estações de trem, o prédio sucumbirá.


***

* Historiador, Sócio do IHGC, SPA e SBE, thomasarqueologia@gmail.com;

** ALMEIDA, Elpídio. História de Campina Grande. Campina Grande: Livraria Pedrosa, 1962.

*** Artigo publicado na Revista Tarairiú Nº 01 Set.2010. (http://mhn.uepb.edu.br/revista_tarairiu/TARAIRI%C3%9A_N01_SET2010.pdf)

**** Para ver o mapa do Centro Histórico, veja o artigo ‘CENTRO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE: A CARTOGRAFIA DE UMA DESTRUIÇÃO’ disponível em: 
http://mhn.uepb.edu.br/revista_tarairiu/TARAIRIU_N01_SET2010.pdf

5 comentários

  1. Emmanuel Sousa on 13 de janeiro de 2011 às 08:26

    Vou repetir o mesmo comentário de sempre: o setor de Patrimônio da Prefeitura Municipal é omisso e cúmplice de toda destruição e descaracterização do 'Centro Histórico' de Campina Grande! Uma vez, durante o governo Cássio, a PMCG, junto ao Min. Público, obrigou um empresário a reconstruir o prédio que ele havia modificado na rua Maciel Pinheiro, demonstrando estar vigilante com essa questão da preservação, coisa que não está sendo feita nos dias de hoje, quando os imóveis ditos históricos estão sumindo da nossa arquitetura urbana!

     
  2. Ribamar Bezerra on 13 de janeiro de 2011 às 11:20

    Talvez este blog (precioso) seja tudo que reste de referencial histórico às novas gerações. É um desgosto mto grande ver tudo isso acabar. :-/

     
  3. giuseppedeoliveira on 14 de janeiro de 2011 às 20:29

    Realmente é séria a questão do patrimônio histórico. Onde estão as autoridades competentes?!

    Com certeza estão acoloiadas com o capital financeiro e especulativo!

    Infelizmente não temos uma secretária de educação e cultura sensível a esta realidade!

    É bastante válida a iniciativa do historiador e colega Thomas Bruno Oliveira, sabemos que não é único que vem nos chamando atenção para esta querela, pois a muito tempo o Dr. Josemir Camilo, tem alertado a sociedade campinense para esta improbidade administrativa.

     
  4. Rebecca Cirino on 17 de janeiro de 2011 às 13:53

    Me dá uma dor no coração em ver cada edificação carregada de história sendo atropelada pela "modernidade" que campina jura que tem. Esse comportamento é atrasado e vergonhoso. Uma cidade sem memória é uma cidade morta.
    As vezes acho que a nossa luta é em vão... mto triste!

     
  5. Anônimo on 21 de julho de 2011 às 06:31

    É um lugar maravilhoso: sítios arqueológicos, festas juninas, mercados e feiras…! Eu estava lá no ano passado e eu realmente gostei da minha estadia! Deixo o link de quem fala sobre este lugar: http://viagemhoje.com/campina-grande-simboliza-a-forca-economica-do-sertao-nordestino.html
    Abraços!

     


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